domingo, 18 de outubro de 2009

Memorial Lourdes

LOURDES RECH PUTZKE



MEMORIAL

Meu nome é Lourdes Rech Putzke, nasci no dia vinte e cinco de setembro de mil novecentos e sessenta e cinco, no hospital Santa Cruz, na cidade de Santa Cruz do Sul. Estou com quarenta e quatro anos, sou casada e tenho um filho.
Criei-me e morei com meus pais até os vinte e dois anos de idade em Ferraz, interior do município de Vera Cruz, estudei em duas escolas da mesma localidade, da primeira à quinta séries.
Fui muito feliz na minha infância, apesar das condições precárias da época. Éramos seis irmãos e sobrevivíamos da agricultura. Muito cedo, eu já ajudava nas tarefas domésticas e agrícolas.
Aos seis anos fui matriculada na Escola Gonçalves Dias, localizada em Ferraz, interior do município de Vera Cruz, onde cursei de primeira à quarta séries, e aprendi as primeiras letras, leitura, cálculos, "foi lá a base de tudo". Aquela foi uma época de muitas alegrias e algumas tristezas, os amigos, as brincadeiras na hora do recreio, que era de trinta minutos, as trilhas pelo mato que havia atrás da escola, a merenda, os passeios, o desfile cívico de sete de setembro, onde o melhor eram os ensaios no campo do seu Kols, um morador da localidade. O cômico foi o professor Norberto, meu primeiro professor, que manejava o bumbo, as balizas, era uma alegria só!
O ruim é que eu não consegui passar de ano na primeira série e tive que repetir a série, sendo que meus colegas passaram adiante. O laço que levei do professor Norberto no dia do meu aniversário, foi constrangedor, isto aconteceu porque na hora de cantar o parabéns a você caímos todos na gargalhada sem motivo, então todos apanharam, sendo que eu fui a primeira. Hoje até entendo esse professor, e não tenho mágoa dele, pelo contrário. Ele ainda vive e ocasionalmente conversamos.
Na quinta série passei a frequentar a Escola Rural de Ferraz, hoje Escola estadual Walter Dreyer, o que de rural não tinha nada, só mesmo a localização. Na referida Escola, senti a mudança, mais professores, disciplinas específicas, mais exigências. Era diferente, contudo consegui me adaptar. Lembro-me de ter sido chamada de "rato de biblioteca" por uma professora de português, pois um texto que eu havia produzido desse assunto. Como eu não havia posto nome,a professora questionou quem seria o rato da biblioteca?
Eu, naturalmente enrubesci, hoje penso que ela poderia ter sido um pouco mais delicada e mais uma vez agradeço àquela professora, de nome Maria Erci Severo, pois obtive mais um aprendizado.
A trajetória pelas escolas do interior havia acabado, agora já na sexta série, eu frequentava a Escola Polivalente, hoje nomeada Escola Estadual de Ensino Médio Vera Cruz, localizada no centro da cidade de Vera Cruz, onde estudei até completar o o ensino médio. Logo fiz muitos amigos e me adaptei facilmente à nova realidade.
Foi nesta época, que passei a ter mais contatos com livros. Porém, as leituras que me atraiam mais, não eram as indicadas pelos professores de português, e sim, os romances da época, Júlia, Sabrina, Bianca, entre outros, pois eram mais emocionantes. Motivo pelo qual, hoje, como professora de português de sétima série, sugiro que escolham seus livros com assuntos do interesse deles próprio, e leiem, curtem a leitura.
Completado o segundo grau, passei a estudar na UNISC, Universidade de Santa Cruz do Sul, onde me formei em Letras, Português/Inglês.
Iniciei minha carreira no magistério em 1994 na Escola Estadual de Ensino Médio Vera Cruz, lecionando Inglês. Em 1997 comecei a atuar numa Escola municipal, Escola Jacob Blész, onde trabalho até os dias de hoje.
Na época eu já enfatizava a leitura de forma que os alunos pesquisassem sobre os conteúdos gramaticais em livros didáticos, uma vez que era necessário. Por outro lado, oportunizava também leituras diversas, revistas, jornais, livros para um posterior comentário sobre o assunto lido.
Com a prática notei que precisamos enfatizar, ainda mais, a leitura nas escolas, uma vez que muitos dos nossos alunos não lêem em casa, e nós professores precisamos ler e escrever junto com eles.
Este ano, eu estou mais ativa, graças ao projeto Gestar II que está abrindo mais horizontes com a troca de práticas entre os professores de português do município de Vera Cruz. A professora Anali Marta Hoff é instrumento importante nesta didática.
Eu e meus alunos estamos cada vez melhores, graças à variedade e estímulos proporcionados, na prática como: Concurso de poesias internas e a nível municipal, projeto verde é vida, projeto farroupilha e agora o soletrando, onde os alunos interagem têm oportunidade de mostrar seus talentos e criatividades.
Talvez este seja o caminho, com pequenas mudanças, concretização de pequenas coisas, conseguiremos mudar e transformar grandes coisas na educação.
Com tudo isso eu estou mais feliz, eu sonho com uma educação melhor neste país.

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